quinta-feira, 26 de abril de 2012

Fantasia da criança


"Pode-se fazer para uma criança uma boneca com um guardanapo dobrado: duas pontas serão os braços, as outras duas as pernas, um nó servirá para a cabeça na qual algumas manchas de tinta indicam os olhos, o nariz e a boca. Também se pode comprar uma “linda” boneca, com cabelos genuínos e bochechas pintadas, e dá-la à criança. Nem queremos insistir no aspecto horrível dessa boneca, perfeitamente capaz de estragar para sempre o sentido estético sadio. Com efeito, o problema educacional mais importante é outro. Tendo à frente o guardanapo dobrado, a criança deve acrescentar, pela fantasia, aquilo que o transforma em figura humana. Essa atividade da fantasia tem efeito plasmador sobre as formas do cérebro. Este se “abre” da mesma maneira como os músculos da mão se deixam permear por uma atividade conveniente. Se a criança ganha a chamada “linda boneca”, nada resta ao cérebro para fazer, e este se atrofia e resseca em vez de desabrochar. Se os pais pudessem olhar, como pode fazê-lo o pesquisador espiritual, para dentro do cérebro empenhado em estruturar suas próprias formas, com toda certeza só dariam a seus filhos brinquedos suscetíveis de avivar as forças plasmadoras do cérebro. Todos os brinquedos que possuem apenas formas mortas e matemáticas ressecam e destroem as forças plasmadoras da criança, enquanto tudo que faz surgir a ideia da vida atua de maneira sadia. A nossa época materialista produz poucos bons brinquedos."



Rudolf Steiner


Santo André - 26.04.2012 - 10h02min

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Dedos e Cérebro

O cérebro descobre o que os dedos exploram


A densidade de terminais nervosos na ponta dos dedos é enorme. A capacidade de discriminação deles é igual a dos nossos olhos. Se não usarmos os nossos dedos, na infância e na juventude nos tornamos “cegos dos dedos”, esta rica teia nervosa fica empobrecida o que, representa uma enorme perda para o cérebro e lesa o desenvolvimento do individuo como um todo. Essa perda pode não ser como a cegueira em si, pois talvez ela seja pior, porque enquanto o cego pode simplesmente não ser capaz de achar este ou aquele objeto, o “cego dos dedos” não consegue compreender o seu significado intrínseco e seu valor.

sábado, 7 de abril de 2012

Filosofias de Vida


A cada etapa da vida do homem corresponde uma certa Filosofia. A criança apresenta-se como um realista, já que está tão convicta da existência das peras e das maçãs como da sua. O adolescente, perturbado por paixões interiores, tem que dar maior atenção a si mesmo, tem que se experimentar antes de experimentar as coisas, e transforma-se portanto num idealista. O homem adulto, pelo contrário, tem todos os motivos para ser um céptico, já que é sempre útil pôr em dúvida os meios que se escolhem para atingir os objetivos. Dito de outro modo, o adulto tem toda a vantagem em manter a flexibilidade do entendimento, antes da ação e no decurso da ação, para não ter que se arrepender posteriormente dos erros de escolha. Quanto ao ancião, converter-se-á necessariamente ao misticismo, porque olha à sua volta e as mais das coisas lhe parecem depender apenas do acaso: o irracional triunfa, o racional fracassa, a felicidade e a infelicidade andam a par sem se perceber porquê. É assim e assim foi sempre, dirá ele, e esta última etapa da vida encontra a acalmia na contemplação do que existe, do que existiu e do que virá a existir. 

Johann Wolfgang von Goethe, in "Máximas e Reflexões"