Divagações de Ivan Leite
Desde que me entendo
por gente, sou fascinado por caixas. A mais antiga imagem que tenho sobre isso
é uma fotografia da minha infância, onde estou segurando uma caixa-embalagem de
uma medicação chamada Novalgina ®, não sei se alguém se lembra... Enfim...
Nessa caixa guardava,
de forma bem organizada, alguns brinquedos: fubecas; miniaturas de índio
americano que vinham nos potes de Toddy®; charrete com cavalinhos; carrinhos; toquinhos
de madeira e hominhos feitos de argila.
Quando cresci mais um
pouco, lembro que fiz uma caixinha de madeira e pintei de azul. Consegui fazer
isso observando durante toda minha infância meu pai serrando e pregando. Meu
pai era um carpinteiro de mão cheia, caprichoso e profissional. Essa caixinha
durante anos foi uma espécie de orgulho pessoal, pois foi feita por mim, pelas
minhas mãos e imitando o capricho dele.
Quando vejo uma
caixa, penso no vazio que ela contém e naquilo que ela pode conter. Aí me
lembro de uma música do Gilberto Gil chamada “Metáfora”. Nessa canção há um
verso assim: “... quando o poeta diz lata/ Pode estar querendo dizer o
incontível”. Penso que a ideia do incontível cabe também às caixas, pois nelas
cabem as saudades e as lembranças que seus conteúdos trazem.
Psicologicamente deve
existir uma explicação para esse meu fascínio, mas não quero procurar bases
psicológicas para isso, só sei que gosto e ponto final.
Na verdade acho que
talvez exista uma explicação..., é porque necessito organizar as coisas. Para
isso, preciso que todos esses guardados sejam mantidos nesses recipientes, para
que num momento adequado possa classificá-los, observando sua importância e
valor, para assim deixá-los lá definitivamente.
Ivan Leite – Santo André – 28.09.2012
– 08h06min - Primavera
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