Fonte da imagem: http://www.blogovershock.com.br |
O bom da literatura é que ela
pega pontos, vivências da vida real e a transforma numa escultura de palavras,
por isso é considerada uma das artes. É por meio da leitura desta verdade
mentirosa, que é a literatura, é que fazemos nossas catarses pessoais. É o que
acontece ao lermos o conto: “Apenas mais
uma de amor” de Margarete Schiavette, presente na Antologia de contos: “Corações entrelaçados: contos de amor”,
organizado por Leandro Schulai (Andross, 2013).
Uma narradora
em terceira pessoa tenta entender o porquê de seu amor não ser correspondido. José,
seu objeto de amor, num primeiro momento, é um nome comum demais para um amor
tão grande, ao ser transformado em personagem, ganha uma sobrevida ao ser cinzelado
pela escritora.
Ela conta que
se encantou por ele no primeiro momento ao ser apresentada por uma colega de
trabalho. Portanto, um amor à primeira vista, sem o crivo da razão. Logo em
seguida o assusta com uma declaração direta: “Eu te amo”, visto como loucura
por José. Restou a ela, observá-lo à distância, numa espécie de postura
platônica do objeto longínquo, José.
José
não a enxerga. Como fazer José percebê-la, se olhares, cartas e músicas não o
fazem despertar para ela, mas ao contrário o faz denunciá-la por assédio?
José
parece comum demais, parece não ter alma, fosse um Alexandre, “O Grande”, tudo
seria diferente. José parece não saber nada de amores e encontros. Não a percebe,
porque, talvez, se vê como uma pedra. E agora? O que fazer com a pedra?
Contorná-la e seguir adiante? Escalá-la? Permanecer ao lado dela? Ou,
simplesmente chutá-la?
Perguntas
nos faz pensar e ao fazê-las tentamos respondê-las procurando pistas na
leitura. É quando percebemos no final do conto um “Eu” resignado e um tanto
ansiosa que se posiciona em dúvida em relação ao seu amor, solução encontrada
por ela para deixar aquilo que sente um pouco mais leve para si.
Ivan Leite – Santo André – 08 e 11 de março de 2013 – Verão - 09h41min
Sobre a autora: Margarete Schiavete:
"nasceu em Santo André, São Paulo, em 1955. Graduada em Letras, é professora. Publicou nos livros Ecos da Alma, Elas Escrevem - Vol. I e O Segredo da Crisálida - Vol. II, todos da Andross Editora, e Ventos Poéticos, da editora Literata. Contato com a autora: smaga@uol.com.br." (p.221)
Sobre o livro: "Corações Entrelaçados":
"Muitos dizem saber o que é o amor, mas quantos podem ter essa certeza? Um sentimento que todos buscam e tanto temem. Corações Entrelaçados traz histórias que mostram infinitas manifestações do amor e tudo o que ele pode nos causar. Algo que pode ser salvação, mas também ruína." (Última capa)
Nenhum comentário:
Postar um comentário