terça-feira, 10 de maio de 2011

O primeiro ano de vida da Criança - I

ADVERTÊNCIA: O texto que você vai ler são anotações de palestra. Embora me esforce para ser fiel as falas da palestrante, tem partes que meu texto parece descontínuo. Ouvir, se conscientizar e anotar é um processo que, às vezes, pela rapidez das colocações da palestrante, não se completa na escrita, a memória nos deixa "na mão". Para não perder todo um conteúdo, rico em informação, uso o recurso de frases soltas. Espero que a leitura seja de alguma forma proveitosa. Posto isso, fico aberto para sugestões de alterações ou complementações.

Mainumby III – 2010 - 24 de abril de 2010
Centro de Formação de Educadores Sociais da Associação Comunitária Monte Azul – Rua Tomás de Sousa, 552 – São Paulo
Relatório de Ivan leite
1º. Semestre de 2010 – O desenvolvimento do ser humano - 1o. Setênio - Dos 0 aos 7 anos
Palestra: O primeiro ano de vida da criança
Palestrante: Renate Keller Ignacio

A palestrante iniciou sua exposição fazendo uma comparação entre o ser humano e o animal. Disse que o animal, diferente do homem, já nasce pronto e que separado de sua mãe cria-se sozinho. Já o ser humano recém nascido depende inteiramente de alguém que o cuide.
Complementou dizendo que a criança nasce aberta ao mundo; que cria vínculos com a família e com educadores e é dependente da parte cultural da sociedade.
Entrando no tema da palestra propriamente dita: “O primeiro ano de vida”, a palestrante diz que duas coisas importantes acontecem nesse período, a primeira: ela aprende  a explorar o ambiente em que está, locomove-se e começa a tomar conta do próprio corpo observando-se e tocando-se;  a segunda: aprende os movimentos. Essas duas aprendizagens são importantes para o ser humano em formação, pois reforça a idéia do “eu posso”.
A palestrante nos alerta que, nesse período, o simples fato de alguém falar: “você não é capaz”, leva a criança a não ter uma resposta positiva em relação à necessidade dos movimentos.
Na sequência falou-nos sobre: Emmi Pikler, húngara, e sua atuação no Instituto Lóczy. Contou-nos sobre o trabalho Emmi nos berçários do Instituto e nos colocou que Emmi afirmava o seguinte: “se a criança tiver uma relação forte com uma pessoa, ela se força a fazer movimentos.” O ato da criança de forçar-se a fazer movimentos por sua própria vontade garante a esse ser, nos próximos anos de vida, uma segurança existencial maior comparada a outros seres que não tiveram contato com esse método.
Renate falou-nos que Emmi foi descoberta por meio de uma pesquisa realizada com ex-internos do Instituto. Na pesquisa descobrira-se que esses internos tinham uma segurança existencial maior em comparação a outras pessoas que não tinham tido contato com esse gesto.
Passando à parte prática da palestra, Renate nos conduziu num exercício vivencial que consistia em passarmos por crianças para experimentarmos as sensações que elas sentem no seu primeiro ano de vida.
Iniciado o exercício, ficamos de costas, de lado, de bruços, nos arrastamos, engatinhamos, ficamos em pé, andamos e corremos. Posso afirmar que a experiência pela qual passei ampliou minha visão de mundo em relação à criança desta idade, pois experimentei as sensações que elas sentem e isso, sem dúvida, fará uma diferença enorme, daqui para frente, no trato que terei em relação a elas.
Emmi dizia que não deveríamos puxar as crianças para nós e sim observar o prazer delas ao repetir os mesmos movimentos, várias vezes, de se levantar e andar. Deveríamos respeitar o momento da criança.
MÉTODO DE EMMI PIKLER:
Fazer tudo para criar uma boa relação com a criança;
Conversar com os olhos nos olhos; no berçário não fazer como se fosse uma produção;
Falar com a criança e falar para ela o que vai ser feito;
Ter sempre em mente que essa criança é um ser humano;
Ao pôr uma blusinha na criança, esperar para ver se ela vai fazer um gesto para vesti-la, pois isso fortalece a vontade da criança;
Não fazer os movimentos com a criança antes de ela ter conquistado;
Carregá-la deitada até que ela se levante;
Não usar bebê-conforto, nem barrigueira, pois ela não faz esforço e ao mesmo tempo usufrui sem conquistar...
Se quisermos crianças com força de vontade precisamos disso.
Ivan Leite - Santo André - 07 de maio de 2010 - Outono

Para saber mais:
Clique: O que é Mainumby
Clique: Método Emmi Pickler

Anotações de Palestra - Mainumby - III - 2010
1a. Palestra: Clique: Biografia Humana
2a. Palestra: Clique: O primeiro ano de vida da criança - I
3a. Palestra: Clique: O Primeiro ano de vida da criança - II

Um comentário:

Ana Lúcia Machado disse...

Essa dependência do ser humano recém nascido fica muito bem ilustrata pela história real de Kaspar Hauser. Ele foi vítima da exclusão social, aprisionado desde os seus primeiros anos.Essa condição o privou do desenvolvimento da fala, do andar ereto, do raciocínio, e somente aos quinze anos foi libertado e exposto ao convívio em sociedade. Essa história pode ser vista no longa metragem de Werner Herzog de 1974: "O enigma de Kaspar Hauser". Vale a pena conferir. O ser humano se desenvolve por meio dos exemplos de seus iguais e tem a vida inteira para se construir.

abraço
Ana Lúcia Machado
www.clarear24x7.blogspot.com