Reportagem
de: Ivan Leite
1º.
Encontro: Palestra - 1
Palestrante:
Cadão Volpato
Tarso de Melo - Cadão Volpato - Reynaldo Damazio |
A Pinacoteca de São Bernardo do Campo – SP recebeu no último dia
15 de setembro de 2012 os convidados e participantes da 5ª. edição do Projeto
Tantas Letras! 2012. Nesse dia o palestrante convidado, Cadão Volpato, relatou
ao público presente suas experiências como escritor. A palestra teve como mediadores
o escritor e editor Reynaldo Damazio e o poeta e professor Tarso de Melo.
Cadão é jornalista, apresentador de televisão, músico, escritor,
ilustrador e comandou por duas vezes, de 1991 a 1994 e de 2010 a 2012, o programa diário de variedades
"Metrópolis" da TV Cultura. Ele é letrista, cantor e
guitarrista da banda Fellini e
lançará em 2013 seu primeiro romance: “Pessoas
que passam pelos sonhos”.
O convidado em sua apresentação, contou que participou do movimento
estudantil na sua juventude e que fora trotskista na época do regime militar e,
por isso, ele e seus amigos sentiam-se perseguidos por todo mundo. Contou que
tinha duas lembranças da cidade de São Bernardo dos anos 80: de uma assembleia de
trabalhadores e de uma missa na Matriz, onde policiais a cercavam.
Cadão Volpato entrou para o mundo da literatura de raspão e tarde,
pois publicou seu primeiro livro de contos: “Ronda
Noturna”, quando já tinha 39 anos, isso em 1995.
Ele declarou que quando resolveu escrever, no início dos anos 90,
não existia uma literatura jovem no Brasil, mas que esse cenário mudou a partir
do momento em que a Cia das Letras se firmou no mercado com novas publicações.
O escritor contou que quando resolveu sentar e escrever o seu primeiro
livro, fez isso nas passagens dos sábados para os domingos. Disse, ainda, que
ao escrevê-lo colocava na sua obra uma autocrítica muito forte e completou
dizendo que seus livros têm algo de poético, mas que tentava fugir disso,
usando um antídoto antilirismo nos seus textos.
Afirmou aos ouvintes que na época, quando seu livro já estava
pronto, não pertencia a nenhum grupo de escritores e nem tinha trânsito entre
os editores, então, quando certa vez teve a oportunidade de entrevistar Luiz
Schwarcz (editor e proprietário da
Cia das Letras) viu a chance de conseguir publicar seu livro: “para mim... era
minha vida”, arrematou. Enviou os originais para o empresário, mas nunca
recebeu uma resposta da possível publicação dele. Quando conheceu o editor:
Samuel Leon (proprietário da editora Iluminuras), não pensou duas vezes,
entregou os originais para ele, que o publicou tempo depois.
Disse, ainda, que no começo da sua vida literária recebeu apoio de
vários escritores e críticos da época, “pessoas que acreditaram” em seu
trabalho: José Paulo Paes, Rodrigo Navas, José Mauro e Marçal Aquino, citando
alguns.
Cadão Volpato declarou que, às vezes, o escritor acha que aquilo
que escreveu é maravilhoso, mas pode ser que não seja, aí o melhor é jogar tudo
fora e partir para uma nova idéia. Falou que “a crítica é importante”; que “tem
que se pensar muito no que se escreve”; que escrever “é um exercício de solidão”;
que “a intuição tem que ser levada em conta” e que devemos ter disciplina, ou
seja, sentar e escrever aquilo que se planejou. Arrematou dizendo que “quando
você escreve uma coisa e você não achou um título para aquilo que escreveu é
porque alguma coisa aconteceu”.
Na sequência, Cadão falou sobre seu 1º. Romance: “Pessoas que passam pelos sonhos”, que trata
da passagem do tempo e é ambientado na Argentina e Brasil no ano de 1969. O
protagonista é um arquiteto distraído que possui um sexto sentido acentuado e
passa a história toda tentando se comunicar com as pessoas.
Terminou a palestra com a leitura da primeira parte do romance inédito
que tem previsão de lançamento para maio de 2013.
Após a palestra, Cadão respondeu as
perguntas do público presente e afirmou que:
1- seus contos eram escritos com vontade de
ser romance...;
2- é “preciso trabalhar com a organização”,
ou seja, “eu nunca parava de escrever sem saber o que ia escrever no dia
seguinte...”;
3- “Cada capítulo tem uma força dentro dele...”;
4- “O autor não deve entregar tudo ao leitor,
precisa de um espaço para ele pensar...”;
5- “Todo artista tem algo que o desliga do
mundo...”;
6- “Eu não dou a solução...”;
7- “Eu escrevo tentando descobrir o que tem
por dentro da história...”;
8- “Se eu passar do ponto eu revelo a luz...”
e...
9- “é importante um caráter infantil na arte...”.
LIVROS PUBLICADOS:
“Ronda Noturna” – 1995 – Contos e Crônicas – Iluminuras;
“Dezembro de um verão maravilhoso” – 1999 – Contos e Crônicas –
Iluminuras;
“Questionário” – 2005 – Contos e Crônicas – Iluminuras;
“Relógio sem Sol” – 2009 – Contos e Crônicas – Iluminuras;
“Meu filho, meu besouro” – 2011 – Literatura Infantil – Cosac Naif –
Poemas ilustrados.
Outros trabalhos:
“Geração 90: Manuscritos de computador” – 1999 – Boitempo – 17 contistas;
“Essa História Está Diferente” – 2010 – Cia das Letras – 10 autores.
Cadão sendo apresentado por Tarso de Melo |
Cadão desenvolvendo sua palestra entre Tarso e Reynaldo Damazio |
Cadão lendo para a plateia a primeira parte de seu novo livro |
Eu e Cadão Volpato na saída da palestra |
Cadão na saída da Pinacoteca de SBC |
Ivan Leite – 25 de outubro de 2012 –
09h37min - Primavera
Um comentário:
Eu perdi a palestra por motivos familiares, mas seu relato é perfeito, me senti presente lá. e pude até imaginar ele palestrando.
obrigada.
Sueli
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