Ivan Leite
Minha mãe disse certa vez, que quando viu meu pai pela
primeira vez, ele estava lendo um livro. Disse que ele gostava de ler livros e
por isso os trouxe junto com alguns álbuns de figurinhas quando se casou. Eles
foram as minhas primeiras referências de leitura.
Não tenho lembranças da infância em que meus pais estão lendo
para mim ou para os meus irmãos, tenho imagens posteriores deles lendo para si,
mas já éramos adolescentes.
Os livros da minha infância sempre me chamaram a atenção,
primeiro, pelas suas capas e folhas, segundo, pelos seus títulos, e terceiro,
pelas suas ilustrações.
O livro que mais me chamou a atenção naquela época se chamava:
“A Nossa Vida Sexual” do Dr. Fritz Kahn. Não era leitura de criança, por isso
não o compreendia direito, mas as suas imagens e esquemas do corpo humano me
fascinavam.
Os romances também não eram coisas de criança, mas eles me
chamavam a atenção por seus títulos barrocos: “Teu Amor Minha Loucura”, “Sentença
de Deus”, “A Tocha Apagada”, para citar alguns. Esses títulos sempre me faziam imaginar
sobre o que eles falavam.
Outra fonte de fascinação e assombro eram os três volumes do
“Dicionário Prático Ilustrado” que usávamos para as pesquisas escolares.
Fascinação pelas palavras e significados, assombro, pois suas ilustrações,
gravuras e reproduções eram todas em cor sépia e amarronzada que me causavam um
grande estranhamento. As telas de pinturas me assustavam pelas suas
dramaticidades, não as entendia por isso me assombravam.
Os álbuns de figurinhas, cinco no total, foram a forma mais prazerosa
de leitura da minha infância. “Ídolos da Tela”, “Bicholândia”, “Aquarela do
Brasil”, “Enciclopédia Zoológica em figurinhas” e “IV Centenário de São Paulo –
1554-1954”, todos eles foram lidos e relidos em momentos diversos por puro
prazer.
Não li nenhum dos romances trazidos por meu pai. Li meu
primeiro livro de literatura por exigência da professora da 5ª. Série. Chamava-se
“O Príncipe e o Pobre” do Mark Twain. Era uma edição condensada, que não
cheguei a lê-lo por inteiro.
Minha paixão pela literatura veio naturalmente aos 22 anos de
idade, quando encontrei numa banca de jornal o livro: “Gente como a Gente” da
Judith Guest. O livro serviu de base para um filme de mesmo nome. Um filme que
eu assistira e que tinha me impressionado muito pelo seu forte apelo dramático
e psicológico. Li o livro de uma enfiada só, sentindo todas as sensações que a
literatura nos dá, e desde então, nunca mais parei.
Santo André - 01 de junho de 2013 - Outono - 19h51min
Texto publicado originariamente no Curso Melhor Gestão, Melhor Ensino - "Experiências de leitura e escrita" do SEESP
Nenhum comentário:
Postar um comentário